"O que é espaço público? E privado? Na contemporaneidade, esses dois conceitos parecem se interceptar o tempo todo. A ideia de privacidade, por um lado, se esgota num mundo em que todas as informações se mostram disponíveis ao público. A partir de 1991, com a proliferação de revistas e de mídias como Caras, Gente e Quem e programas televisivos como Big Brother e a Fazenda, entre outros, há mais imagens em que a intimidade é colocada a público.
O espaço que seria público - parques, praças, igrejas - se fecha cada vez mais perante a ameaça da violência potencial. Seu uso abandonado pelo medo ou deixado a deriva, à sombra da solidão urbana. O lugar público, que seria o lugar de todos, passa ao status de lugar de ninguém. É abandonado, maltratado, sujado, ignorado, sucateado.
O desejo dos artistas contemporâneos de dialogar com os espaços públicos da cidade como forma de expandir suas poéticas fica cada vez mais ameaçado e torna-se um contraponto à ameaça da violência, ao medo, ao isolamento proposto por uma arquitetura de muros, grades e vigilâncias. O grafite é um dos modos mais eficientes encontrados por alguns artistas para furar esse paradigma.
A origem histórica do grafite remonta à história do ser humano, já que existem registros de sua cultura nas paredes das cavernas e na civilização egípcia. Essa inscrição no espaço público acompanha a própria história da arte.
O grafite propõe, acima de tudo, uma experiencia de estética e fluidez, por ser a arte do movimento, que se modifica junto com dia a dia da cidade"
trecho retirado do livro Espaço e Lugar, de Katia Canton.
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